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sábado, 25 de janeiro de 2014

SOBRE O FORO DE SÁO PAULO, FARC E PT




Foro de São Paulo, 23 anos depois
Em entrevista exibida pela Globo News em 2009, Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, diagnosticava: “O que explica a confusão da América Latina é o Foro de São Paulo”. E ele tinha razão!

O Foro de São Paulo é uma organização que reúne de maneira promíscua partidos políticos legais, organizações terroristas e grupos narcotraficantes. Ele foi fundado em 1990 por Lula e Fidel Castro, que prometiam reconquistar na América Latina o que se havia perdido no Leste Europeu. Seu objetivo era traçar estratégias comuns e lançar “novos esforços de intercâmbio e de unidade de ação como alicerces de uma América Latina livre, justa e soberana”. A unidade estratégica dessas organizações visava tomar o poder em todo o continente, criando uma frente de governos socialistas em oposição aos Estados Unidos. Hoje, duas décadas depois, o Foro de São Paulo governa 16 países, nos quais aplica a mesma agenda de aparelhamento do Estado, de limitação das liberdades civis, de relaxamento no combate ao narcotráfico, de perseguição à oposição e à imprensa livre.

O “Plan de Acción” aprovado e publicado nas atas do seu 19.º Encontro, ocorrido em São Paulo no começo deste mês, confirma e reforça o pacto estratégico e o compromisso solidário estabelecidos 23 anos atrás. Os efeitos práticos dessa solidariedade política ficam claros quando observamos a submissão do governo petista às diretrizes do Foro, em detrimento dos interesses nacionais, como ilustram alguns casos da nossa política recente.

Em 2005, o representante das Farc no Brasil, Olivério Medina, foi preso numa ação conjunta entre a Polícia Federal e a Interpol. Medina era procurado na Colômbia por diversos crimes – homicídio, sequestro e contrabando de armas – e o governo colombiano pediu sua extradição. O presidente Lula não apenas lhe negou o pedido como concedeu ao terrorista o status de refugiado político. Logo depois, a esposa de Medina, Angela Maria Slongo, foi ocupar um cargo de confiança no Ministério da Pesca, a pedido de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.

Em maio de 2006, Evo Morales estatizou duas refinarias da Petrobras na Bolívia, depois de ocupadas e tomadas pelo exército boliviano. O governo brasileiro respondeu com um afago e, dois anos depois, Lula anunciava um empréstimo de US$ 332 milhões a Morales, para a construção de uma rodovia.

Em 2011, Dilma Rousseff anunciou mudanças no Tratado de Itaipu, atendendo a um pedido de Fernando Lugo, presidente do Paraguai e membro do Foro de São Paulo. A senadora Gleisi Hoffmann, do PT, foi a relatora da matéria no Senado e defendeu a aprovação das alterações, que fizeram triplicar a taxa anual paga pelo Brasil ao Paraguai pela energia não usada da Usina de Itaipu, saltando de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões.

A decisão do governo federal de trazer médicos cubanos ao Brasil é apenas uma manobra do Foro de São Paulo para financiar a indústria de “missões humanitárias” de Havana. Segundo dados levantados pela jornalista Graça Salgueiro, mais de 20 países recebem serviços médicos de Cuba. Os países-clientes pagam pelo serviço ao governo cubano, que repassa apenas uma pequena parte do dinheiro aos médicos. Raúl Castro arrecada nada menos que US$ 6 bilhões anuais com o envio de médicos ao exterior. Calcula-se que o Brasil enviará centenas de milhões de dólares aos cofres cubanos com a importação dos médicos. 

O dinheiro que poderia ser investido no sistema público de saúde brasileiro vai financiar uma ditadura comunista.

Quando o filósofo Olavo de Carvalho começou a denunciar o Foro de São Paulo, políticos, empresários e jornalistas preferiram ignorá-lo, acreditando que o bicho era manso. Mas o bicho era bravo e agora cresceu formidavelmente; já não sabemos se ainda é possível derrotá-lo.

Silvio Grimaldo de Camargo é sociólogo e editor




GUERRILHEIROS DAS FARC TREINAM MILITANTES DO MST
(Maria Clara Prates, enviada especial/Estado de Minas, 30/10/2005)

Pindoty Porã e Salto de Guayrá (Paraguai) - A presença do grupo guerrilheiro colombiano Forças Armadas Revolucionárias (Farc) no Brasil não se restringe hoje apenas à montagem de bases estratégicas para o tráfico de drogas e armas. As ações das Farc incluem o treinamento de criminosos e líderes de movimentos sociais, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem ligações com o Partido dos Trabalhadores. Os centros estão montados estrategicamente na fronteira entre Brasil e Paraguai. Relatórios sigilosos de posse de autoridades brasileiras e paraguaias registram a ocorrência de pelo menos três cursos sobre técnicas de guerrilha destinados a brasileiros, realizados este ano – maio, julho e agosto – na região de Pindoty Porã, departamento de Canindeyú, no Paraguai, cidade na fronteira com o Mato Grosso do Sul e o Paraná. Pelo menos um desses cursos, sobre técnicas de primeiro socorros e contra-informação, que aconteceu entre 22 e 24 de julho último, teve como público alvo integrantes do MST dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Sob a batuta dos mesmos instrutores colombianos, o último treinamento, que aconteceu em 29 de agosto, foi destinado a integrantes de quadrilhas, responsáveis pela segurança de pontos de distribuição de drogas em São Paulo e Rio de Janeiro, no qual foram repassadas aos alunos brasileiros, ações para guerrilha urbana. A escolha da região de Pindoty Porã, não foi aleatória. O local vem sendo usado, há pelo menos dois anos, como ponto estratégico para o tráfico de maconha, cocaína e armas, que prospera com a conivência de autoridades paraguaias e também sobre a fragilidade da legislação do país vizinho.
De acordo com levantamentos dos serviços de inteligência, os treinamentos são realizados em uma fazenda, aparentemente destinada à criação de gado, a qual só se tem acesso por terra, através de precárias estradas vicinais com inúmeras possibilidades de acesso, somente para aqueles que conhecem a região. Uma grande reserva de mata de cerrado protegida pelo Banco Mundial torna ainda mais difícil o acesso e o patrulhamento eficiente da região. No local, está instalado um posto do Exército paraguaio, mas tem aparência do mais absoluto abandono, apesar das negativas dos moradores. Pistas de pouso clandestinas também cortam toda a área. No período de capacitação dos supostos trabalhadores sem-terra, o tempo ruim, com chuvas e baixíssimas temperaturas, comprometeu os exercícios externos e todo o curso aconteceu nas salas de aula.
Os relatórios trocados entre os dois países não só confirmam a existência dos centros de treinamento na região fronteiriça do Brasil com o Paraguai. Vão mais longe: garantem que existe um grande interesse das Farc em instrumentalizar os brasileiros, que nos últimos anos têm sido parceiros da guerrilha nas atividades ilícitas como o tráfico de drogas e de armas. Eles confirmam também que os cursos ministrados pelas Farc são destinados a entidades civis organizadas e citam nominalmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. De acordo com o documento, existem fartas informações sobre os instrutores dos treinamentos, que se escondem sob o manto dos codinomes.
Um dos colombianos é descrito como um homem que tem pleno domínio da língua portuguesa, mas não consegue esconder o seu forte sotaque. É especialista em guerrilha rural e ideologia política, além de ser preferência para manejar explosivos e pistola 9mm e ser um expert em artes marciais. Segundo os relatos, ele é uma pessoa muito conhecida na fronteira e transita com desenvoltura por toda a região. Os serviços de inteligência do Brasil e do Paraguai agora abraçam o desafio de conseguir sua verdadeira identidade e, a partir disso, chegar ao restante do grupo. Na verdade, pode haver mudança de professores conforme a técnica a ser repassada e o público a ser capacitado.

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FARC QUEREM CRIAR FORÇA ÚNICA NA AMÉRICA (Maria Clara Prates/Estado de Minas, 31/10/2005)
Documentos revelam que treinamento dado pelas Farc serve também para prática de crimes violentos

Pindoty Porã e Salto de Guayrá (Paraguai) — Ofícios confidenciais das autoridades paraguaias e brasileiras, produzidos em janeiro de 2005, revelam que os treinamentos de guerrilha oferecidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a brasileiros de movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) são apenas uma pequena investida para se chegar a um objetivo maior. Usando seus 40 anos de experiência de guerrilha, os rebeldes colombianos querem criar as Forças Revolucionária da América (FRA), reunindo, além dos brasileiros, representantes de organizações civis em países como Venezuela, Chile, Uruguai, Argentina e Uruguai. Mesmo antes de formalmente constituída, a FRA teria, entre outros objetivos, promover a doutrina de seus colaboradores sobre a ideologia revolucionária, fazer sua divulgação e, ainda, buscar apoio e financiamento internacional. Um sonho que já tem até uma cara: uma bem- cuidada bandeira.

Os relatos confirmam uma evidência que surgiu a partir do seqüestro e morte de Cecília Cubas, filha do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas, levada em 21 de setembro do ano passado. Seu corpo foi encontrado num casa no subúrbio de Assunção. De acordo com a Fiscalia Nacional (Ministério Público paraguaio), o seqüestro de Cecília foi idealizado por Osmar Martinez, do Partido Pátria Livre, um movimento de extrema esquerda ligado ao movimento campesino, com ajuda de integrante das Farc. Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência, de junho deste ano, diz que aconteceu pelo menos um encontro entre Martinez e Ricardo Gandra, das Farc, em Foz do Iguaçu (PR), com participação de outros integrantes do Patria Livre – Anúncio Martí, Juan Arrom, Victor Colmãn, também acusado de participação em outros seqüestros. Nele, teria sido acertado detalhes do crime que chocou o Paraguai.

O juiz da 3ª Vara Federal de Campo Grande (MS), Odilon Oliveira, que passou grande parte da carreira em Ponta-Porã, na fronteira do Brasil com o Paraguai, confirma a existência dos campos de treinamento das Farc na região, mas diz que os cursos de capacitação são destinados a organizações criminosas brasileiras, especializadas no tráfico de drogas e armas. O juiz, que está marcado para morrer pelos barões da cocaína, afirma que tem em seu poder uma fita apreendida com criminosos que participaram do seqüestro de Cecília Cubas, na qual se pode ouvir nitidamente a voz de um brasileiro. "As imagens mostram um campo de treinamento da guerrilha, onde estão pessoas se preparando para a ação e, apesar de não ser possível visualizar o brasileiro, sua voz é clara", afirma. Para Odilon Oliveira, uma das principais fontes de financiamento da guerrilha colombiana é o seqüestro, que corresponde a 45% dos valores arrecadados.

Três áreas de preocupação

As investigações da Polícia Federal brasileira na fronteira de Brasil e Paraguai demonstram que, além da região de Salto de Guayrá, no departamento de Canindeyú, onde existe indícios de centros de treinamentos das Farc nas cidades de Pindoty Porã, Itanarã e La Paloma, os departamentos de Concepción, Amambay e San Pedro, todas fronteiriças com os estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, exigem atenção especial, por estar sendo usadas pelas grandes organizações criminosas especializadas no tráfico de drogas e armas, o que cria terreno fértil para a expansão da guerrilha colombiana em território nacional. De acordo a Polícia Federal, 80% da produção de 18 mil toneladas de maconha, produzidas no vizinho Paraguai, têm como destino os mercados consumidores do Brasil, com importante área de cultivo em Amambay e San Pedro.

Esta porta que se abre para a maconha também serve para a exportação da rentável cocaína colombiana. A adoção no Brasil da Lei do Abate – que autoriza a derrubada de aeronaves sem identificação –, aliada ao incipiente controle do tráfego aéreo no Paraguai, está fazendo com que a droga da Colômbia seja estocada em território paraguaio e, de lá, transportada via terrestre para o Brasil, de onde é exportada para mercados como a Europa e Estados Unidos. Uma rota usada pelo traficante Ivan Mesquita, que se estabeleceu no Paraguai e tinha intensa relação comercial com a Frente 16 das Farc. Preso em terras paraguaias, Ivan foi extraditado para os EUA para responder por tráfico internacional. Para a PF, o caminho é usado também por traficantes de armas, que crescem na ineficiente estrutura de fiscalização deste tipo de comércio.

Relatório demonstra que, apesar de não ser produtores de armamento ou munição, os paraguaios praticamente eliminaram a concorrência dos comerciantes brasileiros. O comércio é livre e é grande o número de produtos que chegam ao país contrabandeados. Levantamento realizado pelas autoridades locais demonstrou que o número declarado de importações de armas, que é mínimo, é incompatível com o número de usuários.

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PARAGUAI INVESTIGA AÇÃO DE PETISTAS EM SEQÜESTRO (Maria C. Prates/Estado de Minas, Fernanda Odilla /Correio Braziliense – 16/11/2005)
Integrantes do PT teriam ido a reunião em que foi decidida morte da filha de ex-presidente do país vizinho

Assunção – Dois brasileiros, que se apresentaram como parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT), são os novos alvos da Fiscalía-Geral do Estado do Paraguai, o Ministério Público paraguaio, que apura as responsabilidades pelo seqüestro e morte de Cecília Cubas, filha mais nova do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas, seqüestrada em setembro do ano passado e assassinada no cativeiro. De acordo com Osmar Germán Latorre Cañete – ministro e assessor para a área de segurança pública do Paraguai e ex-fiscal-geral do Estado –, os brasileiros participaram de uma reunião na cidade paraguaia de Concepción, logo após o seqüestro, quando foi comunicada a decisão de executar a filha de Cubas.

Nessa reunião, segundo Latorre, estavam integrantes do Partido Pátria Livre (PPL), de extrema esquerda, apontados como autores do crime, um representante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e os brasileiros. "Vamos manter os nomes em sigilo, até que tenhamos certeza de suas identidades", afirma o ministro. Além dos nomes, o ministro Latorre faz questão de frisar que tem também a descrição das características físicas dos dois brasileiros, fornecidas por uma testemunha ao Ministério Público do Paraguai.

"Espero ter a identificação nos próximos dias", diz Latorre. De acordo com o ministro, a reunião foi presidida por Osmar Martinez, ex-secretário-geral do PPL, e teve ainda a participação de outros integrantes do partido, como Juan Francisco Arrom Suhurt, ex-secretário-geral. Arrom vive hoje no Brasil, assim como Victor Antonio Colman Ortega e Anuncio Martí Mendez, como refugiados políticos e são acusados de participar também do seqüestro de Maria
Edith Bordón de Debernardi, em 2001, libertada mediante pagamento de US$ 1 milhão.

Relações suspeitas
O apoio recebido por Arrom, Colman e Martí, no Brasil, onde chegaram em 2003, por parte do advogado Marcos César Santos de Vasconcelos, funcionário de carreira da Câmara dos Deputados, e pelo deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), conhecido militante em defesa dos direitos humanos, reforça a tese de Latorre, de que a ligação dos integrantes do PPL com os brasileiros é maior do que se conhece até o momento. Coincidência ou não, Marcos Vasconcelos foi assessor da Comissão de Constituição e Justiça, na época em que era presidida por Greenhalgh. Ele foi nomeado em dezembro de 2003, mesma época em que o pedido de refúgio foi aprovado pelo Conare, órgão do Ministério da Justiça.

Hoje, Anuncio Martí trabalha como lavrador em Maringá, no Paraná. Juan Arrom vive com a mulher e a filha num apartamento de três quartos em Águas Claras, cidade do Distrito Federal, informa o advogado Marcos Vasconcelos. Nesse mesmo apartamento está Victor Colman, que passou uma temporada no Paraná e está de mudança para a capital federal. "Ele ainda não veio de forma definitiva", diz o advogado, convencido de que o governo paraguaio força a extradição dos três para transformá-los em bodes expiatórios. "Eles foram torturados para confessar um crime que não cometeram. Agora, qualquer crime que acontecer no Paraguai vão dizer que foram eles, para forçar a perda do refúgio", afirma Vasconcelos, lembrando que foi unânime a decisão do Comitê Nacional de Refugiados (Conare) de conceder o benefício aos três paraguaios.

Testemunha-chave
Para reunir mais provas contra os refugiados paraguaios no caso do seqüestro, é grande a expectativa em torno do depoimento da testemunha Dionísio Olazar ao juiz Pedro Mayor Martínez, marcado para sexta-feira. Olazar, a testemunha-chave do Ministério Público paraguaio, afirmou anteriormente que houve várias reuniões preparatórias para o seqüestro de Cecília Cubas e a última delas ocorreu em 13 de janeiro, em Concepción, quando Martinez comunicou a decisão de executar a filha do ex-presidente.

Levada para o cativeiro em 21 de setembro de 2004, seu corpo foi encontrado em 16 de fevereiro deste ano, um mês depois de descoberto, já em estado de decomposição. De acordo com a testemunha, Martinez disse que pediria US$ 3 milhões ao ex-presidente e, deste total, Arrom teria ficado com US$ 1,3 milhão.

Em nota com data de março deste ano, o PPL classifica como "novas versões falsas" do Ministério Público do Paraguai as informações de que Arrom e Martí se encontraram com dois parlamentares brasileiros do PT, na cidade de Concepción, e também de que Victor Colman esteve nas zonas paraguaias de San Pedro e San Lorenzo. O partido informa ainda que a denúncia foi levada ao Ministério da Justiça do Brasil. "Essa campanha de desinformação grosseira do Ministério Público tem objetivo exclusivamente de endossar a perseguição política e ideológica contra o PPL e (contra) setores de esquerda e populares dentro do país que fazem frente à corrupta máfia oligárquica dominante", diz o texto, assinado pelo secretário-geral Juan Arrom e pelo secretário-adjunto José Rodriguez




Laços explosivos
Documentos secretos guardados
nos arquivos da Abin informam que
a narcoguerrilha colombiana Farc
deu 5 milhões de dólares a candidatos
petistas em 2002

Policarpo Junior

Scott Dalton/AP
GUERRILHEIROS E TRAFICANTES
Fileiras das Farc: um controvertido amontoado de guerrilheiros, terroristas e narcotraficantes


NESTA EDIÇÃO
Nos arquivos da Agência Brasileira de Inteligência em Brasília há um conjunto de documentos cujo conteúdo é explosivo. Os papéis, guardados no centro de documentação da Abin, mostram ligações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com militantes petistas. O principal documento nos arquivos foi datado de 25 de abril de 2002, está catalogado com o número 0095/3100 e recebeu a classificação de "secreto". Em apenas uma folha e dividido em três parágrafos, esse documento informa que, no dia 13 de abril de 2002, um grupo de esquerdistas solidários com as Farc promoveu uma reunião político-festiva numa chácara nos arredores de Brasília. Na reunião, que teve a presença de cerca de trinta pessoas, durou mais de seis horas e acabou com um animado forró, o padre Olivério Medina, que atua como uma espécie de embaixador das Farc no Brasil, fez um anúncio pecuniário. Disse aos presentes que sua organização guerrilheira estava fazendo uma doação de 5 milhões de dólares para a campanha eleitoral de candidatos petistas de sua predileção. A notícia foi recebida com aplausos pela platéia. Faltavam então menos de seis meses para a eleição. Um agente da Abin, infiltrado na reunião, ouviu tudo, fez um informe a seus chefes, e assim chegou à Abin a primeira notícia de que as relações entre militantes esquerdistas, alguns deles petistas, e as Farc podem ter ultrapassado a mera simpatia ideológica e chegado ao pantanoso terreno financeiro.
Sob a condição de não reproduzi-los nas páginas da revista, VEJA teve acesso a seis documentos da pasta que trata das relações entre as Farc e petistas simpatizantes do movimento. Dos seis documentos, três fazem menção explícita à doação de 5 milhões de dólares. Num deles, está descrita a forma de pagamento: o dinheiro sairia de Trinidad e Tobago, um pequeno país do Caribe, e chegaria às mãos de cerca de 300 pequenos empresários brasileiros simpáticos ao PT, que, por sua vez, fariam contribuições aos comitês regionais do partido como se os recursos lhes pertencessem. Em outro documento, aparece a informação de que o acerto financeiro fora celebrado entre membros do PT e das Farc durante uma reunião realizada numa fazenda no Pantanal Mato-Grossense – e que os encontros de cúpula seriam articulados com a ajuda de Maria das Graças da Silva, uma funcionária da Câmara dos Deputados em Brasília que já militou no PC do B e seria amiga muito próxima do "comandante Maurício", apontado como a maior autoridade das Farc no Brasil. Ao contrário da doação financeira e do mecanismo do pagamento, que são descritos em detalhes nos documentos da Abin, a menção à reunião no Pantanal aparece seca e sem detalhes.

Cristiano Mariz
ARQUIVOS VIVOS
Na Abin, em Brasília, há pelo menos três documentos falando da milionária doação das Farc
"Conheço ele, sim, mas e daí? Não articulei encontro nenhum", garante a funcionária Maria das Graças, que diz ignorar qualquer reunião no Pantanal. Nas últimas cinco semanas, VEJA investigou a veracidade das informações arquivadas na sede da Abin. Será que houve mesmo um encontro numa chácara em Brasília? O encontro teve a presença de representantes das Farc? Falou-se ali na doação de 5 milhões de dólares? Para responder a essas perguntas, VEJA localizou o agente da Abin que se infiltrou na reunião das Farc e ouviu outros dois funcionários da agência que tiveram contato com a investigação, além de procurar os esquerdistas que foram ao encontro. A apuração comprovou a reunião, o local, a data e os personagens. Só não encontrou indícios suficientemente sólidos de que os 5 milhões de dólares tenham realmente saído das Farc e chegado aos cofres do PT. A doação financeira é dada como realizada pelos documentos da Abin, mas a investigação de VEJA não avançou um milímetro nesse particular. Pode ter sido apenas uma bravata do padre Olivério Medina, codinome de Francisco Antônio Cadenas Colazzos, para alegrar seus convivas esquerdistas? Pode. Além da convocação manifestada nos documentos da Abin, a revista não encontrou elementos consistentes para que se faça uma afirmação sobre esse aspecto.
Os contatos políticos entre petistas e guerrilheiros das Farc são antigos. Começaram em 1990, quando o PT realizou um debate com partidos políticos e organizações sociais da América Latina e do Caribe para discutir os efeitos da queda do Muro de Berlim. De lá para cá, as relações se intensificaram, principalmente por meio das correntes esquerdistas do PT, como a Democracia Socialista, cuja estrela mais conhecida é o ministro Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário. Mesmo os quadros mais moderados do PT demonstram uma certa simpatia pelas Farc. Como instituição, porém, o partido há muito tempo quer distância das Farc. "A guerrilha representa tudo o que nós abominamos em termos de política. Não se pode esquecer que o PT já nasceu em oposição à luta armada. O governo do presidente Lula tem as melhores relações com o governo constituído da Colômbia e apóia o presidente Álvaro Uribe", diz o senador Aloizio Mercadante. E completa: "Se essa doação existiu, o que não acredito, ela não foi feita ao PT, mas a indivíduos que se dizem ligados ao partido. Se eles forem identificados e forem do partido, serão expulsos".

Robson Meireles
Cristiano Mariz
DEBAIXO DAS ÁRVORES
O padre Olivério Medina, que atua como "embaixador" das Farc no Brasil, e a chácara onde foi realizada a reunião: na rua, para evitar grampo
Em virtude do passado de companheirismo com as Farc, a cúpula do PT, ainda antes das eleições presidenciais de 2002, sentiu que seria adequado tranqüilizar o governo da Colômbia em relação a uma possível eleição de Lula. O hoje ministro José Dirceu, da Casa Civil, procurou a embaixadora colombiana em Brasília para avisar que, se Lula fosse eleito, a política de seu governo em relação às Farc seria a do Estado brasileiro – e não a da ala esquerda do PT. A palavra tem sido cumprida, embora o governo brasileiro insista em considerar oficialmente as Farc como um grupo guerrilheiro – e legítimo, portanto –, recusando-se a reconhecer o que elas realmente são. Ou seja: um conluio oportunista de guerrilheiros, terroristas e narcotraficantes.
Considerando-se o currículo das Farc, a história também faz sentido lógico. Fundadas na década de 60, as Farc começaram a se envolver com o tráfico na década de 90, quando os maiores traficantes colombianos passaram a remunerar os guerrilheiros em troca de segurança armada para os plantadores de coca (veja reportagem). Com o envolvimento direto com o tráfico, a organização acabou tornando-se financeiramente poderosa. Sabe-se que os cartéis colombianos da cocaína usam as ilhas de Trinidad e Tobago como um entreposto, estocando ali a droga que embarcam para a Europa. Por coincidência, é de Trinidad e Tobago que o dinheiro das Farc sairia para entrar nos cofres dos candidatos esquerdistas, conforme mostram os documentos arquivados na Abin. Apesar da verossimilhança e da aparência lógica do esquema, é vital ressaltar que, fora os registos feitos pelos espiões da Abin, não foram encontradas evidências sólidas da ajuda financeira da guerrilha da Colômbia. O padre Olivério Medina, representante das Farc no Brasil, nega. "Não houve essa ajuda financeira", disse ele a VEJA, falando de um telefone público em Brasília e encerrando o assunto sob a alegação de que, como estrangeiro, não poderia falar sobre política.

Dida Sampaio/AE
O PROCESSO E O SILÊNCIO
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, há dois anos, procurou o deputado Fraga, falou do risco de processo, e não tocou mais no assunto
O secretário de Relações Internacionais do PT, Paulo Ferreira, encarregado dos contatos do partido com o exterior, garante que as relações petistas com a guerrilha colombiana não são amistosas. "Ao contrário. Hoje, nós temos conquistado o ódio das Farc", diz. Uma das razões é o fato de que o PT aprovou uma recomendação para que as Farc sejam barradas nos foros internacionais de discussão sobre assuntos da América Latina. "Não há interesse em manter relações com um grupo belicista que, entre outras coisas, usa métodos como o seqüestro de civis", afirma Ferreira. A posição do secretário de Relações Internacionais do PT, no entanto, não é a unanimidade do partido. Em Brasília, por exemplo, o comitê que apóia ações das Farc é integrado e dirigido por militantes do PT. "Essas ligações existem à revelia do partido. Posso dizer que são até criminosas", afirma Ferreira. Para ele, as ligações entre PT e Farc descritas nos relatórios da Abin, se existiram tal como informaram os agentes de inteligência, foram "clandestinas".
A reunião na chácara em Brasília foi uma mistura de encontro político com festa de amigos. A chácara chama-se Coração Vermelho, pertence ao sindicalista Antônio Francisco do Carmo e fica a 40 quilômetros de Brasília. O encontro começou às 11 da manhã e terminou no início da noite. Aconteceu em torno de uma mesa debaixo de árvores, para evitar que um grampo clandestino pudesse captar as conversas. No início, com todos de pé, abriu-se uma bandeira das Farc e cantou-se o hino da guerrilha. Para entrar na chácara, os participantes tinham uma senha: bater com a mão espalmada no peito. Ao meio-dia, serviu-se um churrasco, com arroz e vinagrete, cerveja e refrigerante. Um dos presentes era o vereador Leopoldo Paulino, secretário de Esportes do então prefeito de Ribeirão Preto, o hoje ministro Antonio Palocci. Pouco antes, Paulino fundara o primeiro comitê de apoio às Farc no Brasil, em Ribeirão Preto. Na chácara, exibiu-se um vídeo com a inauguração do comitê, e Paulino explicou seu funcionamento. "Não temos presidente ou diretor. Somos todos guerrilheiros ou não somos. Se somos, então todos fazem parte da luta", disse ele, conforme o relato transcrito pelo agente infiltrado da Abin. Foi aplaudido pelos presentes.

Cristiano Mariz
ELE TAMBÉM ESTAVA LÁ
Antônio Viana, militante de esquerda que esteve na reunião da chácara: falou-se de tudo, menos de dinheiro
A VEJA, o vereador Leopoldo Paulino, que foi guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional (ALN) e hoje é filiado ao PSB, negou que tenha participado de qualquer reunião na chácara Coração Vermelho. Outro que esteve presente, porém, o bancário Antônio Carlos Viana, um aguerrido militante comunista, confirmou a VEJA que a reunião foi feita, que o assunto era o apoio às Farc, mas disse que ninguém falou em dólares. "Só defendemos que as Farc sejam reconhecidas como força beligerante", diz ele, que trabalha no departamento de tecnologia do Banco do Brasil. O dono da chácara, o sindicalista Antônio Francisco do Carmo, militante do velho PCB, também confirma que, em várias ocasiões, cedeu sua propriedade para encontros em que o padre Olivério Medina esteve presente. Ele ressalta, no entanto, que eram encontros festivos, e não reuniões de caráter político, nas quais nunca se mencionou financiamento da guerrilha colombiana para o PT. "Sou amigo do padre e ele já almoçou e jantou várias vezes na minha chácara", diz. É certo que a reunião na chácara, até pela baixa estatura hierárquica de seus participantes, não tomou nenhuma decisão sobre Farc, PT ou milhões de dólares.
Na chácara, a doação do dinheiro veio à tona, talvez acidentalmente, e acabou captada por um agente da Abin. O general Alberto Cardoso, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo tucano e da Abin, soube da reunião na Coração Vermelho com antecedência e até abortou uma operação policial que planejava invadir a chácara e prender todos os participantes. O general preferiu deixar a reunião acontecer e manter o monitoramento por meio do agente infiltrado. Com isso, conseguiu pescar uma informação valiosa: o espião da Abin gravou a reunião e, na fita cassete, que também se encontra nos arquivos da agência, o padre Olivério Medina pode ser ouvido fazendo o anúncio da doação financeira aos petistas. Depois do anúncio, numa conversa com um grupo reduzido, o padre relatou como o dinheiro entraria no Brasil. Contou que sairia de Trinidad e Tobago, passaria pelos 300 pequenos empresários e chegaria a comitês regionais petistas.
Os documentos arquivados na Abin, sucessora do velho SNI do regime militar, são célebres por seus erros e equívocos, motivados em geral pela paranóia anticomunista de seus agentes na época da ditadura. Os papéis que relatam a transação em que as Farc prometem ajuda financeira a candidatos esquerdistas no Brasil também não são imunes a erros. A trajetória dos papéis na hierarquia do serviço de inteligência sugere, porém, que as informações partiram de um espião experiente que gozava da confiança de seus superiores. Os documentos mostram que as informações ali contidas foram checadas com afinco. Um relatório elaborado por um agente de base costuma ser examinado por um analista, que avalia, reúne, compara informações e sistematiza-as de acordo com o objetivo de cada missão – ou manda tudo para o lixo. O segundo filtro sobre a qualidade de uma informação é feito por um diretor de departamento, que recebe informações de outros setores e, em tese, está mais bem equipado para avaliar o conjunto das informações. Depois, tudo ainda vai ao diretor-geral da agência, que avalia se o assunto é ou não relevante e se deve ou não ser levado ao conhecimento do presidente da República. O documento 0095/3100, de 25 de abril de 2002, o principal entre todos os que narram as ligações entre militantes petistas e as Farc, passou por todas essas etapas e acabou com um carimbo de "secreto". Isso significa que suas informações eram críveis e seu conteúdo tinha consistência suficiente para ser levado ao conhecimento do presidente da República.
A primeira suspeita da generosidade financeira das Farc com esquerdistas brasileiros apareceu há dois anos, quando o deputado Alberto Fraga, hoje filiado ao PTB, contou que agentes da Abin lhe narraram a história. O deputado fez um discurso-denúncia sobre o assunto na tribuna da Câmara e tentou em vão abrir uma CPI. Não conseguiu recolher o número necessário de assinaturas de deputados. Sua denúncia não recebeu muito crédito, mas o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT paulista, procurou-o. Disse que estava incumbido pelo governo de processar Fraga e queria saber se o deputado tinha provas da denúncia que fizera. Fraga blefou. "Eu disse que podia até apresentar testemunhas em juízo." Diante disso, Greenhalgh nunca mais tocou no assunto, segundo Fraga. "Eu só falei para que ele tomasse cuidado com aquela história. Disse que ele poderia acabar sendo processado porque a história não era verdadeira", desmente Greenhalgh. "Eu não estava falando em nome do governo." Quando Fraga fez a denúncia, a Abin chegou a abrir uma investigação interna para descobrir quem era o responsável pelo vazamento. A apuração encontrou um responsável. O resultado está arquivado no Departamento de Inteligência.
As suspeitas em torno de ligações do PT com as Farc costumam servir para manipulações políticas, com o objetivo de envolver o partido com um grupo terrorista. Na campanha presidencial em 2002, por exemplo, o programa eleitoral do então candidato tucano, José Serra, chegou a perder preciosos minutos em direito de resposta por ter veiculado a acusação segundo a qual o PT teria ligações clandestinas com as Farc. O fato que agora vem a público, porém, está despido de motivações políticas – foi apurado por uma agência oficial, ficou nos arquivos e, hoje, tais arquivos estão sob o comando do investigado. Na quarta-feira passada, VEJA pediu esclarecimentos ao Gabinete de Segurança Institucional, abaixo do qual fica a Abin. Recebeu a resposta oficial na sexta-feira. Ei-la: "O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República informa que não vai se pronunciar a respeito". Quatro horas depois, o GSI emitiu outra resposta. Dizia com um tortuoso malabarismo verbal que a Abin investigou as Farc – o que, no fundo, não quer dizer nada. Seria uma investigação histórica medir a dimensão dos tentáculos das Farc no Brasil e o nível hierárquico em que eles chegaram a penetrar no partido que detém o Poder Executivo.
 



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Como foi anunciado desde seu início, o imperialismo comunista tem por meta tomar o mundo, e isto aqui parece uma metástase européia do Foro de São Paulo:


DECLARACIÓN FINAL
Con la presencia de 18 partidos políticos de América Latina y del Caribe, actuantes en 13 países de Europa, se reunió en Madrid durante los días 27 Y 28 de enero de 2012 el Encuentro Fundacional de la Secretaría Europea del Foro de Sao Paulo. La reunión también contó con la presencia de partidos y organizaciones amigas de Europa
El Encuentro fue convocado por decisión del XVII Encuentro del Foro de Sao Paulo (FSP) celebrado en Managua, Nicaragua. El FSP es una organización que reúne partidos de izquierda y progresistas latinoamericanos y caribeños.
En la apertura se desarrolló un acto cultural con diferentes grupos latinoamericanos y caribeños, demostrando la importancia integradora que tiene la cultura para nuestros pueblos.
Los partidos políticos presentes manifestamos nuestro apoyo a los cambios que están en curso en América Latina y Caribe, así como nuestro aliento a las luchas sociales. También expresamos nuestra solidaridad a los gobiernos progresistas y de izquierda, y nuestra visión esperanzadora con los procesos de integración regional, en particular la Comunidad de Estados Latino Americanos y del Caribe (CELAC) de reciente creación.
Mais em:

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BANDIDOS DE CIMA CONLUIADOS COM OS BANDIDOS DE BAIXO
http://conspiratio3.blogspot.com.br/2017/11/datena-entrevista-o-ministro-da-justica.html

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MARLON ADAMI: O QUE É O FORO DE SÃO PAULO?
http://www.4shared.com/mp3/_qDxjDvkce

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